quinta-feira, junho 17, 2010

cases de miguel

case 1

miguel, você gosta da mamãe?
não.
miguel, você gosta do papai?
(pensando) (...) nãaaoo.

bom, pelo menos ele não tem dúvidas em relação a mim. rsrsrsrs...

mas ainda incerta se ele sabia o que é "sim" e o que é "não", porque todo mundo ama papai e mamãe, perguntei:

miguel, vamos pingar remédio no nariz?
nãaaaooooo!!!
miguel, você quer pão?
"sim", com a cabeça, todo saltitante.

já entendi.

case 2

miguel, pare com isso! não vou falar de novo. você está me ouvindo?
não.

case 3

a babá deu ao miguel, de presente, uma moto de quatro rodas, pois não havia achado uma bonita de duas rodas somente. eu achei que o menino ia adorar, porque ama motocas. abriu o pacote, sorriu muito, bateu palmas e disse: "carro!".

quarta-feira, junho 09, 2010

essa tal modernidade


a modernidade é fato. e além de explícita, caminha a passos rápidos. graças a ela temos mais conforto, mobilidade e firulas. no campo da maternidade então, nem se fala. o que seria de nós, mães, sem a fralda descartável? mulheres mais atarefadas, com as mãos maltratadas. assim como nossas genitoras.

mas, às vezes, essa tal modernidade chega a me incomodar. como mãe, em certas situações sinto-me impulsionada a agir como aquela mãezinha tradicional, caretinha, estapampada em caixas de produtos antigos. e, no afã de agir assim, pego-me beliscada pelas traves dos ditames modernos. ninar uma criança, por exemplo, é a coisa mais aconchegante do mundo. pegar um bebê no colo, conseguir acalmá-lo, fazê-lo sentir-se bem em seus braços, cantar e vê-lo fechar os olhinhos pouco a pouco, te vendo e não te vendo, até dormir e desacelerar a respiração é algo, pra mim, emocionante. mas quantas vezes já ouvi que tal atitude não é boa? que isso torna a criança dependente do ninar pra adormecer? afirmações tão incisivas quanto castrantes, já incluídas nos modernos manuais de comportamento infantil. assim, quando estou lá, a cantar pro miguel, com a mente nas nuvens, lembro-me dos referidos manuais e logo o coloco no berço, no susto, despencando do êxtase para o chão.

acredito completamente na psicologia e dela sou fã incondicional. e creio mais ainda que a educação evoluiu muito, tornando as crianças mais espertas, estimuladas e independentes. leio diariamente sobre o assunto, sou humilde e absorvo as orientações. enfim, aprendo! mas mandos como "o berçário sociabiliza o bebê", "boi-da-cara-preta não deve ser cantada" e "não se deve ter tanto cuidado com os recém-nascidos" chegam a me desconcertar. admito que mães de primeira viagem costumam exagerar nos detalhes, mas tenho consciência que não extrapolo, pois me policio bastante. tenho pavor que miguelito se torne um adulto mimado.

o que faço é prestar atenção aos pequenos pontos, degustar o capricho, ligar-me ao ambiente infantil, manter uma comunicação afetiva, tentar fazer-me entender e ser entendida. o que faço é lembrar da minha mãe: suas mãos dando tapinhas nas minhas costas, tentando fazer-me dormir, depois de muito choro. essa memória sensorial é tão aprazível, eterna e insubstituível que congela qualquer orientação negativa sobre o ninar e outros afazeres antigos como a minha alma.

sobre o "boi-da-cara-preta"? ah, pelo menos até que miguelito entenda que um animal com cara de cor escura possa sair lá do curral, na roça, entrar no nosso prédio, passar pelo porteiro, adentrar o quarto e assustá-lo, vou continuar cantando a curiosa modinha. além do mais, ele adora bois e não tem medo nenhum de careta.



terça-feira, junho 01, 2010

motivo


antes eu tinha motivos pra ser feliz e motivos pra ser triste. o meio a meio da vida, normal na história de qualquer ser humano, cheia de altos e baixos. mas, hoje, eu tenho um único motivo, apenas um, pra ser muito mais feliz do que triste: miguel.

ele veio pra me iluminar, pra me fazer ser criança, mas com maturidade. pra que eu me sinta saudável e jovem, cada vez mais, a cada dia. pra me fazer combater o tempo, pois não quero que o relógio caminhe depressa. quero ter mais anos de vida, quero envelhecer pra vê-lo crescer e envelhecer também. antes, um motivo pra ficar triste se perpetuava, ganhava peso, tinha fundamento e me levava cabisbaixa por muitos dias. hoje, esse mesmo motivo mostra-se fraquinho, não me derruba, porque torna-se ínfimo perto da visão maravilhosa do meu branquinho sorrindo.

miguel, mesmo que um dia você cresça e ache que a mamãe paga micos demais, agradeço-lhe pela felicidade com que me presenteia nesse seu início de vida.
e viva el muchacho miguelito!