sexta-feira, dezembro 21, 2007


quarta-feira, dezembro 19, 2007

entrega

hoje acordei mais sentimental que o normal. talvez sejam as confraternizações do período, talvez os amigos felizes que vi ontem, ou quem sabe a sobrinha que abracei em sua missa de formatura. não sei. o fato é que às vezes eu me desmancho, fico humana demais, uma cinderela urbana, apaixonada pelas pessoas. e hoje, a despeito de toda a demagogia que o final de ano possa trazer, eu, definitivamente, me entrego ao amor!

segunda-feira, dezembro 10, 2007

a filosofia da palavra

assim diz o preguiçoso gigante que por vezes toma conta de mim:

tenho que enfrentar a vida todos os dias, e, digo, o início deles é bastante desanimador. a luz do sol, mesmo que belíssima e radiante, reflete uma alegria insuportável que não combina, em forma e clareza, com o estado letárgico do começo. começo de tudo: do despertar do sono excludente, do terminar do sonho tranquilizante, do abrir involuntário dos olhos, do pisar o chão descalça e faminta, do trabalho que me espera.

levanto-me, mesmo assim, posto que é obrigação e sustento, e transporto-me pro chuveiro. vejo que a água é essencial nesse momento. um chicote que me lambe o rosto e o corpo e, de maneira mágica, traz-me de volta à vida. mas não completamente. a preguiça insiste e ela não é irresponsável. é um estado profundo de alma, consciente e calculado, quase uma característica minha, preponderante e enraizada. não se trata de uma moleza vagabunda, mas de uma firmeza de caráter que acredita na subsistência do ser pelo pensamento e pela reflexão.

e por que não sobreviver de palavra, pensada, falada ou escrita, e não de verbo-ação? padecer no leito, como um jazigo, tendo o corpo estático e o cérebro a fumegar? e por que trabalho é sinônimo de atividade contínua, sôfrega e física? e por que pra se ganhar o metal precisa-se abandonar a barganha de idéias e entregar-se a esse louco corpo-a-corpo? sócrates era cérebro de retidão e certamente péssimo em tarefas práticas. não gastava tempo com isso. conceitos, éticas e palavras - as palavras - eram o cume e o objetivo de seus dias, certamente sempre cheios e produtivos. tira-lhe os braços, as pernas, cabelos e dentes, deixa- lhe o cérebro, a massa cinzenta, e continuará a admirar o homem. continua sócrates!

nada disso, já disse, não se trata aqui de um pensante barato, outros diriam, verdadeiro vagabundo! preguiçoso eu? que injustiça...tomaria cicuta se assim fosse! trata-se aqui de acreditar no cozimento da alma, na fervura do pensamento que é o prenúncio da ação. eu fico no pensamento: deixo a ação pra humanidade.