a maternidade deve, mesmo, ser coisa sagrada. nunca fui tão respeitada, abordada, perguntada, mimada e olhada na rua como agora. as mulheres e homens mais maduros miram minha barriga com admiração ou estranheza - os olhares se alternam, sendo também, às vezes, enigmáticos. as que já foram mãe puxam conversam, querem saber o mês de gestação e incentivar-me a me sentar ou usufruir do caixa prioritário. as mais jovens e sentimentais também procuram motivo pra perguntar como é, se passo mal, se é menino ou menina. alguns motoristas de ônibus e trocadores não me deixam ficar em pé ou passar na roleta. um hoje até me disse: "só levante quando eu parar o ônibus". ooppss! certas crianças olham pra barriga cheias de dúvidas, perguntando-se, certamente, que tipo de músculo é aquele. enfim, viramos outra pessoa, uma personalidade urbana, outra rita, outra maria, outra carolina... há algo de mágico nisso mesmo. o pior é que nos acostumamos mal com tanto cuidado. e isso acaba em 9 meses. e voltamos a ser seres normais, sujeitos às grosserias do dia-a-dia... o ideal é que nos tratássemos como eternos gestantes, homens e mulheres...
