ciúme

quando chego em casa do trabalho, dificilmente miguel vem correndo pros meus braços. ele ouve a porta se abrir, diz "mamãe!" e vai me ver. mas quase nunca pula no meu colo, como naquelas propagandas de mãe chegando do serviço estressada e recebendo, calorosamente, um chamego do filhote.

eu, na minha porção sentimental e criança, morro por dentro. num dia de TPM mais acirrada, comecei a chorar. marcelo acha infantilidade minha, diz que é o jeito personalizado do miguel e que com o tempo isso passa. a pediatra explicou que o pequeno fica com uma espécie de raiva, por eu tê-lo deixado o dia todo com a babá, desaparecendo pela porta e só voltando à noite. pelo temperamento dele, muito peculiar, quando chego ele se controla, num modelo ingênuo de vingança e orgulho. ela diz que, pra sua idade, o muchacho consegue policiar-se muito bem.

o fato é que, agora, estou conseguindo levar isso de forma mais amena. mas, claro, nunca serenamente. e de novo na minha fatia criança, passei a provocá-lo. "miguel, vem cá dar um beijo na mamãe." "não", ele responde, resoluto. "então vou beijar o papai". e dou aquele abraço no marido, com beijos e tudo o mais. aí ele vem, correndo e desesperado, gritando "nãooooooooooooo!!! sai, sai!". e nos afasta.

só fica uma dúvida: não sei se ele está com ciúme do pai ou de mim!