o despejo

eu e meu colega de senzala - mizim fio - fomos despejados. a sensação foi terrível, nunca havia sentido isso antes. os sem-teto devem mesmo sofrer horrores. fomos transferidos pra uma cela menor, com espaço limitado pra cada ocupante, uma coisa bem medidinha. os novos companheiros são até bastante simpáticos, solícitos, esvaziaram diversas caixas e gavetas pra colocarmos nossa tralha. aliás, antes de nos mudarmos jogamos fora toneladas de papéis, inclusive higiênicos, que achamos escondidos atrás dos velhos armários. deu pra encher quatro caixas de papelão: dava pra reciclar todo o figurino da mangueira. uma lástima. a partida tem sido difícil: teremos que abandonar as olhadelas constantes pela janela de madeira, as leituras extra-trampo, os exercícios de relaxamento e os cadernos de fofoca dos jornais. uma lástima.