segunda-feira, janeiro 22, 2007

A casa abaixo é aquela pra onde vou em finais-de-semana e de onde dificilmente quero sair... Situada em Caeté City, de posse da minha cunhada.


A casa... De fora já se constata a simplicidade, estampada pouco tímida nas paredes sem tinta. O porte é até galante, altivo, de semblante grande, com portão e escadas que elevam o convidado à varanda-mirante. Nela, único e absoluto, destoando do todo cinza, um banco retângulo de ardósia, gelado e pronto para os mais calorosos quadris. Dele pode-se avistar, com folga, boa parte da cidade, que se desenha pequenina e maquiada em morros, casinhas, igreja, avenida e árvores, muitas árvores.

Passando pela porta de madeira, comumente aberta, continua-se a ver o cinza, que insiste em tornar os aposentos crus, porém naturalmente verdadeiros. A magra luz confere às salas e quartos uma penumbra acolhedora, como se fosse, sempre, hora de dormir, de sonhar, de se esconder. Os móveis, poucos e estáticos em seus cantos, oferecem espaço de sobra aos visitantes, que invariavelmente são muitos. No ar e nas janelas pairam a paz, a doce rotina, a amplidão. O relógio na parede custa a trabalhar.

Mas ao fundo do corredor arde o clarão de um céu de verão: é a cozinha, que não pára, num movimento frenético e preciso de almoços, jantas, cafés e rosquinhas. É nesse recanto, aquecido pelo calor do fogão (a gás ou a lenha) que eles costumam se reunir, aconchegando-se em meio aos panos de prato, cheiros e temperos, como se o resto da casa, grande o suficiente, não houvesse. Comer, beber, rir e falar tornam-se ações conjugadas e felizes, num ritual simplório de várias gerações.

Quando se aquecem demais na temperatura das panelas mudam-se então para o quintal, onde uma segunda varanda, também mirante, abriga as roupas semi- lavadas, uma fileira de sapatos escovados, o dormitório do cachorro e o canário com nome de cantor. Refrescados pela brisa que sopra dos morros - os mesmos avistados do banco de ardósia - os convivas se agitam ainda mais, acrescentando à comida, à bebida, ao riso e à fala os casos hilários, as piadas, requebros e música, muita música. E assim passam o dia e a noite, derramando birita pra si e pros outros, empurrando a pressão com os infalíveis tira-gostos e fingindo, com ótimas intenções, ser a varanda um bar familiar. Um boteco que, se mesmo existisse, teria como lema e anúncio: "Manda pra dentro que o Santo é forte e o bar é bento!".

Essa casa...

quarta-feira, janeiro 17, 2007

egoísmo

nosso ponto de vista tem apenas dois olhos.